domingo, 30 de dezembro de 2012

2013


Acordei lembrando de uma vez em que fui jantar com a Tuane Vieira Oliveira no The Fifities e comecei a reparar em um casal que estava na nossa frente, não se falavam, raramente trocavam algumas palavras, pediram batatas individuais (não que isso seja um problema, mas, vocês entenderão com o decorrer do relato) e não havia aquela troca de olhares que todo casal, naturalmente, tem. Estava comendo e super conversando com a Tuh quando vi o suposto marido reclamar de a esposa pegar uma batata dele, dizendo: "Essa é minha." Tipo? Com isso me vieram algumas coisas à mente, eu jamais aceitaria uma situação dessas, onde não há troca de olhares, palavras, sorrisos, dava para sentir a frieza de ambos, que, ao pagarem a conta, levantaram e deram as mãos como se fossem um casal feliz e estava estampado na cara de ambos que não estavam. Ao mesmo tempo, ao meu lado, havia um casal interagindo demais, ela tirando sarro dele, ele tirando sarro dela, era gostoso de olhar e sentir a união dos dois, foi ali que encontrei certo conforto para permanecer naquele restaurante pois o casal a minha frente havia tirado meu apetite de tanta frieza exalada.
Feito o relato, venho dizer que o ano de 2012 me ensinou muitas coisas, e não somente me ensinou em páginas de livros, em folhas de processos, mas me ensinou com as atitudes que ocorrem ao meu redor, sempre fui um nato observador, talvez seja essa a característica-mor pelo desejo de me tornar pesquisador, sempre gostei de entender as situações, de interpretá-las de várias formas e isso tem sido cada vez mais intenso, tanto na vida acadêmica quanto na vida pessoal, que, de alguma forma se misturam. 
Sei lá, não sei o que desejo para 2013 e também nem sei se quero desejar, talvez aprender mais seja um desejo em mente, mas, aprender não é algo que possamos controlar - como podemos controlar um desejo, aprender é viver, observar... É um processo natural... Ao contrário do que disse sobre 2012 há alguns dias, aqui, nessa mesma página, 2012 foi um ano fantástico, cheio de coisas novas, novos aprendizados que serão, certamente eternizados, a "escadinha" pesquisador já está sendo construída, e não somente na vida acadêmica, como disse.. As coisas se misturam...Desejos são relativos, controlados.. Não desejarei... Viverei!


Feliz 2013!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

domingo, 25 de novembro de 2012

Travesseiro.


O silêncio angustia as tardes frias e as noites gélidas, tremidas, com um coração que arde por um amor que não é vivido, que arde por saudade e que derrama lágrimas salgadas que me fazem companhia com lembranças memoráveis de uma reciprocidade que se distancia a cada dia que passa, o que dói é sentir que as barreiras vão ficando maiores e as lembranças memoráveis trazem aquela falta, aquela vontade de reviver todos os bons momentos pois o peito ainda bate, o sentimento existe, firme, forte, a vontade de ficar junto é imensa, a certeza de mudanças também... Minha mãe, avó, tios, sempre me ensinaram a não desistir de nada, a lutar, a ir atrás pois enquanto há amor, enquanto este for incondicional, as esperanças e as vontades sempre existirão. Nada é incogitável, tudo é possível, amor se constrói... O meu está aqui e eu não quero que ele desmorone... Quero vivê-lo, quero ser recíproco, quero você...

O silêncio diz muitas coisas, espero que o meu silêncio tenha lhe dito coisas que eu nunca fui capaz de dizer, espero que este tenha mostrado que ainda há felicidade para vivermos juntos... Que eu posso sim ser merecedor do sentimento que bate em seu peito, que eu posso ser merecedor de estar ao seu lado, sempre, para sempre..

Raiva, frustração, rancor não são bons conselheiros... O incogitável está na raiva, na angústia, no rancor... Isso em mim não existe, o que existe é amor...


Eu simplesmente amo você...

E por te amar tanto... Luto, não desisto, tento... Posso tentar uma, duas, mil vezes, mas, tentei, por que um amor assim, incondicional como é, é único e não tentar seria desistir.. E desistir é algo que eu não pretendo fazer... Por isso me calei...

E sabe o que mais? Eu trocaria tudo, TUDO, por mais um segundo ao seu lado...

"Todo mundo tem suas carências, todo mundo é humano, todo mundo sente. Uns sentem mais, outros menos, alguns quase nada, mas sentem. Podem adorar serem livres de noite na balada, no barzinho com os amigos, mas, pelo menos antes de dormir, ser livre, pesa.". - T. B.


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Não sei.

Wilde caracterizava a incerteza entre as brumas como a coisa mais fascinante da vida. Não sei, provavelmente pela característica-mor dele de gostar do sofrimento, de abraçar a dor como algo que o fizesse tornar uma pessoa mais racional... De fato Wilde foi um sofredor na vida, sofreu por preconceitos, sofreu por questionamentos, sofreu por ser um homem à frente da sociedade do início do século XX que pregava os bons costumes que era avesso a tudo aquilo que ele pregava pela vida.

Tenho me inspirado em uma frase dele, que me toca de modo magnifico, mas, que nunca revelei por estar escondida em um dos seus contos que sempre estão cheios de lições, pois, como ele mesmo disse, conselhos são bons para repassá-los pois não nos servem para mais nada, uma lição aprendida deve ser ensinada, nada mais resta para nós a não ser passá-la para outros, essa frase que relevarei destaca o maior medo daqueles que são tocados pelo amor incondicional, que tem a sorte de encontrar-se com Ágape e desvendar os mistérios do amor:



"Se o deixar partir, morrerá. E a morte do coração é a morte mais horrível que existe". 

Oscar Wilde.

A morte do coração ditada por Wilde é aquela que se prolonga, que dói, que você vive, vive o rasgar do sentimento, é uma morte na vida, é soltar-se de Ágape, é deixar de lado o amor incondicional, é sofrer.

Ele sempre fora um romântico de modo pleno, às vezes se indignava com algumas coisas e escrevia suas mágoas, um humano, como todos, mas, sempre amou, e para ele deixar aquele que se ama partir é entregar-se a uma tristeza que dói, por que ao contrário da morte em si, a morte do coração é vivida, é sentida, é sofrida, é angustiante...

Pessoalmente também penso que a morte do coração, o que modernamente poderíamos chamar por término de um relacionamento cujo pilar seja o amor incondicional, é deixar com que tudo que foi construído desmorone encima da sua cabeça, faça com que todas as lembranças que te traziam sorrisos agora tragam lágrimas de saudade, sem dúvidas a morte do coração é a pior de todas... Digo isso por que sinto, digo isso por que só eu sei o que sinto ao deitar a minha cabeça no travesseiro à noite e sentir minha alma gritar, meu coração chorar, meu corpo implorar para estar com você outra vez...






sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Escrevendo

Passei a tarde toda resolvendo coisas da iniciação científica, colocando leituras em dia e acalentando o peito que vive um momento complicado.
Acho que a vida nos traz momentos assim para que aprendamos a lidar com sofrimentos às vezes até desnecessários, é nesse momento em que evoluímos, crescemos, aprendemos e melhoramos como seres humanos.
Olho para os lados e vejo que meus problemas são tão pequenos em relação ao problema dos outros, e não que isso não seja motivo pra eu deitar a cabeça no meu travesseiro à noite e sentir o peso da tristeza chegar, não que eu seja egoísta a ponto também de somente olhar o meu universo e sentir somente a minha dor, mas, como ser humano, algumas horas do meu dia são dedicadas ao livre exercício da dor, da dor de não estar com quem se ama, da dor de sentir que se está perdendo aquilo que tanto se quis durante os vinte e um verões que já se passaram... Não que a minha tristeza, a minha dor seja maior que a dor dos outros, mas ela é minha, e é ela que eu tenho que enfrentar todos os dias quando o sol de põe e deixa o vazio, a solidão, a tristeza serem iluminados pelas estrelas, e pela lua cheia dos amores impossíveis e das ardentes paixões, tão solitária quanto eu, durante milhões de anos, atingindo corações somente com a luz emprestada de astros maiores... A vida não é bolinho, as coisas vem, vão, amores surgem, ressurgem e nós, agentes da vida, temos que aprender a lidar com tudo isso e continuar seguindo. 
Uma vez escrevi nesse mesmo blog que eu sou um fogo-de-artifício, pensando bem, fogos-de-artifício só são belos de serem vistos na solidão da noite, são eles que iluminam o céu ofuscando o brilho das estrelas, da lua... São eles os atores que reivindicam plena atenção dos olhares quando explodem, são fantásticos ao ponto de serem tão passageiros... Já a lua, não... Vive a sua solidão confortando-se em ser cupido de muitos amores, fundo de muitos romances, sem, muitas vezes, ser a principal atriz... Em segundo plano, mas lá.
Sou só um garoto de duas décadas que busca em todos os cantos da sua vida uma forma de vivê-la, e não somente de existi-la... Amo, choro, grito, desespero... Mas sigo. Minhas esperanças, minha dor, minhas angústias, medos e insanidades continuam lá, mas sigo, até quando eu não sei. 
Talvez não seja tarde, como muitos dizem, pode apenas ser cedo demais...

Au revoir~

Tih Noguti.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

What hurts the most

Por meu coração e pela minha alma terem acordado um pouco mais tristes hoje, posto essa música, que representa, em cada frase, tudo que venho sentindo nos últimos tempos:


No vídeo a menina pergunta ao namorado dentro do carro:

- Você alguma vez já pensou sobre o futuro? O que você vê?

Então ele reluta em responder e lança outra pergunta:

- O que você vê?

Ela responde:

- Estou falando sério...

Então ele responde:

- Você... Eu vejo você...

Então ela sai do carro e ele volta a perguntar:

- O quê você vê???

Ela não o responde....Ele morre... E no final ela resolve responder:

- Eu via você...

LETRA:

What hurts the most/O que mais dói 

Posso suportar a chuva sob o telhado desta casa vazia, isso não me incomoda...Posso segurar algumas lágrimas e chorá-las mais tarde, não tenho medo de chorar. 
Embora pensar em seguir em frente sem você ainda me entristeça. 
E há dias como hoje, em que finjo estar bem, mas não é isso que me aborrece... 

O que mais dói era estar tão perto e tendo tanto para dizer tive que ver você partir sem nunca saber o que poderia ter sido e sem notar que te amar era o que eu estava tentando fazer.... 

É difícil lidar com a dor de perder você aonde quer que eu vá! Mas eu estou fazendo isso...É difícil forçar aquele sorriso quando vejo nossos velhos amigos e estou sozinha, é ainda mais difícil me levantar, vestir-me e viver com esse arrependimento mas sei que se pudesse fazer tudo outra vez faria diferente, diria todas as palavras que guardei em meu coração mas que nunca disse... 

O que mais dói era estar tão perto e tendo tanto para dizer tive que ver você partir sem nunca saber o que poderia ter sido e sem notar que te amar era o que eu estava tentando fazer.... 

Era o que eu estava tentando fazer...

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O final de "Uma tarde de outono".



Uma vez, há alguns anos, comecei a escrever um livro chamado “Uma tarde de outono”, no qual eu contava as trajetórias de um adolescente que buscava o verdadeiro amor incessantemente para que este pudesse aquecer seu inverno, livrá-lo das brumas e o fizesse encontrar sua Avalon interna. 

Pois bem, nunca houve um final para este livro, nunca encontrei sentimentos reais que me fizessem terminá-lo, que me fizessem enfim tornar este final, real... Hoje me vejo apto a escrever o seu final, retratar que Avalon não é eterna, que as brumas retornam, que o inverno é cíclico, e nem por isso o toque de Ágape, o amor incondicional, desaparece. 

É como entender “é imortal, não morre no final”, as brumas voltam, o inverno se apresenta com a queda das folhas, mas os sentimentos, as vontades, as esperanças ainda são as mesmas, ou talvez não sejam... Talvez com a queda das folhas, com a saída de Avalon tudo se modifique, talvez se perca entre as brumas e nunca mais se encontre, talvez se encontre a Excalibur e se dê a oportunidade de olhar para Avalon por uma última vez, talvez o caminho que está sendo percorrido faça com que se encontre Avalon novamente, faça com que a pessoa que o fez abrir as brumas retorne e as mudanças, o silêncio que foram realizados entre as brumas façam com que ambos, juntos, retornem à cidade pagã... 

No mundo físico, somente a morte é eterna, o resto... Que não é resto, mas, tudo... Tem possibilidades... 

Esse será o final do meu livro, esse será o toque de realidade final dado a um livro que expressa em todas as suas páginas as histórias de alguém que foi tocado por Ágape somente em suas últimas páginas.... De alguém que nunca havia vivido um amor tão incondicional, forte, vivo... 

domingo, 21 de outubro de 2012

Trade off.

Disseram-me um dia desses que viver sozinho não é uma questão de escolha, estaríamos então, alguns de nós, fadados a vivermos sós por pura coincidência da vida? E essa vida que nós construímos a cada dia, seria ela uma estrada por onde destinos passam, sem parar, dependendo, puramente, da sorte ou do azar, ter o destino que segue sozinho?
Eu acho que não, tudo em nossa vida é medido dentre escolhas mais plausíveis para que enfrentemo-la de modo mais satisfatório para nós, nenhum ser humano faz uma escolha que vá agredi-lo, ou que vá feri-lo, e se faz, sempre pensa que opções melhores virão.
Nenhum ser humano vive sozinho por puro azar – ou sorte – do destino, as escolhas que fazemos medem o grau de teias de interdependência que nós queremos criar, tudo depende para onde, quando e quem se está olhando, não é questão de destino, é trade-off.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Universidade Pluralista não dogmática.

Assistindo a palestra do Prof. Dr. Delton Meirelles coordenador do curso de pós-graduação em Sociologia e Direito da UFF tive alguns muitos insights quando ele diz que a academia tem perdido alunos para cursos preparatórios para concursos públicos, o que é uma pena. A graduação tem, cada vez mais se tornado, não só no Direito - como aluno de Gestão de Políticas Públicas posso dizer isso com muita ênfase - um curso que atende às vontades daqueles que buscam carreira executiva, que buscam a conquista de um concurso público, mas, seria realmente esse o verdadeiro interesse público das universidades? Os pesquisadores, que em nosso país, diga-se de passagem, são fantásticos, perdem espaço em um mundo que somente reproduz e dificilmente propõe algo novo, com cursos quase técnicos, que formam uma mão-de-obra que visa atender à demanda por trabalhador qualificado a qual procura aquele que se encaixa como uma palavrinha em um jogo de palavras cruzadas, sei lá, às vezes penso estar no lugar errado e no lugar certo, ao mesmo tempo. Encantei-me pela pesquisa, como muitos dizem é um caminho sem volta, apaixonei-me pela eterna busca de conhecimento e me vejo trancado numa bolha que visa me doutrinar para atender esse mercado com altos salários e carreiras mega promissoras, não que isso não seja legal, é legal para quem quer, eu não quero, e por não querer, devo buscar para além da graduação meios que me proporcionem ser mais amplo, sair da bolha, sair da doutrina, sair da grade, crescer academicamente. É isso que eu busco e era isso que eu esperava do curso de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo, não somente um curso que busca me doutrinar, me levar ao caminho dos concursos bem remunerados, mas um curso que me ajude a enxergar e entender a sociedade e os problemas que ela tem, sem essa coisa dogmática que me é apresentada. Acho que deveríamos dar mais valor a professores que se preocupam com o curso, que se preocupam com a nossa formação, é muito fácil chegar na sala de aula e cuspir conteúdo, difícil é fazer o aluno ir além da aula. Esse é só um relato de alguém que busca uma universidade mais pluralista.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

The Vampire Diaries

Achei que seriados desse tipo haviam ficado na memória quando terminei Angel no ano passado. Tentei curtir a porcaria de True Blood e me desencantei com a droga que o seriado é, perdendo total confiança em seriados com esse tema vampirístico. Charmed sempre foi e sempre será o meu xodó! Merlin em segundo lugar com a sua mega produção britânica, The Secret Circle veio só pra adoçar o cafezinho por que durou somente uma temporada com episódios cada vez mais mal estruturados. Deparo-me agora curtindo outro seriado, que eu sempre olhava - devido à péssima experiência em True Blood - com má vontade para assisti-lo, porém, talvez por estar há algum tempo, desde o final de TSC, no mês de maio, sem assistir a nenhum seriado e, sendo o lançamento da quinta temporada de Merlin programado para o final de setembro desse ano, ando meio carente de bons seriados americanos com seus 22 episódios por temporada - pois Merlin tem apenas 13, já assisti, ano passado, lançamento do canal estadunidense Starz o seriado Camelot, muito ruim, também não durou nem 1 temporada direito. Os seriados estadunidenses com essa temática mais...divertida - ao meu ver - estão muito fracos, até que, hoje finalmente tomo coragem para assistir The Vampire Diaries e retiro todo e qualquer preconceito que havia tido após o insuportável TB. Tô curtindo! De verdade!

domingo, 2 de setembro de 2012

Pensamentos.



Eu já não tenho nem mais a liberdade de pensar sem que alguém me julgue antes mesmo de tentar me explicar, as pessoas tem o péssimo ato de não esperarem o término de uma reflexão para começarem a crítica, acredito que as pessoas deveriam se comportar igual a língua alemã, a qual obriga que seus ouvintes esperem o final das frases, por necessidade de compreensão, para que então possam abrir as bocas. sei lá! Não tem coisa pior no mundo do que ser mal interpretado, prefiro, portanto, ao formalizar uma reflexão, deixá-la o mais claro possível, acredito que quanto mais adulto se é, mais há a necessidade de se explicar como se estivesse conversando com uma criança, explicando nos mínimos detalhes, só que a criança, ouve, o adulto sempre tenta ser melhor que o outro, é a realidade da vida, queiram vocês ou não o mundo é uma eterna luta de egos e eu não estou nem um pouco afim de explicar o porquê, que se foda. Eu entendo o porquê disso e isso já me basta, por enquanto.


"Cada qual acredita que o que tem a dizer é muito mais importante do que qualquer coisa que o outro tenha a contribuir" -A.D. 


sábado, 1 de setembro de 2012

"São as nossas escolhas que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades. " - Alvo Dumbledore

Às vezes me sinto tão fraco capaz de acreditar que coisa alguma dará certo, sou um ser humano comum, com defeitos, qualidades, que faz escolhas e paga pelas escolhas que faz, é como aquela velha máxima newtoniana, por assim dizer, "toda ação tem uma reação, igual ou contrária", é lógico que isso não é o mesmo que referir-se ao talião "olho por olho, dente por dente", seria ridículo pensar na lei de newton baseada pura e simplesmente no que chamamos de "pagar com a mesma moeda", como fala a própria lei, a reação pode ser igual, ou contrária.

Lançar uma palavra, por exemplo, nada fará com que ela retorne para a sua boca, uma vez dita, ou maldita, talvez somente outra palavra seja capaz de fazer com que ela se perca no inverno que nos deixa, dia após dia, ou não. Uma palavra é puro poder, capaz de construir e destruir impérios, criar e destruir confianças, medos, anseios, paixões. Reconheço o poder que a palavra tem, mas, como um human being, por mais que eu reconheça o poder que algo tem, sempre é capaz de errar ao utilizá-lo.

Sei lá! Talvez após 21 anos eu ainda não tenha aprendido o verdadeiro sentido do que chamamos de "felicidade", talvez ela exista quando souber utilizar essas palavras de modo a não cometer erros, deixando, assim, minha "humanidade" de lado, não no sentido pleno da palavra, mas no sentido de me elevar a um grau maior, tipo um Deus, sabe? Coisa que acredito que absolutamente ninguém tenha feito, o fato é que temos momentos felizes, não acredito que se possa viver a plena felicidade divina, aquela vivenciada pelos habitantes por trás das brumas, aquela que Morgana Le Fay obteve por algum tempo enquanto habitava Avalon, ou talvez nem ela, por sentir plena falta de seu irmãozinho, Arthur... Talvez nem ela!

A felicidade está dentro de nós, e mesmo estando, às vezes é difícil encontrá-la, talvez devemos afastar as brumas que temos dentro de nós mesmos para que cada qual encontre sua Avalon interior, o que é difícil e exige um certo grau de evolução, não que não possamos ser felizes nunca, claro que podemos ser felizes! Podemos viver grandes e edificantes momentos felizes, mas, infelizmente, não à todo momento, há sempre uma lágrima que traga as brumas de volta ao seu lugar, pelo menos até que finalmente encontremos um modo de afastá-las de vez.

Pergunto-me se isso demorará muito, não que ser humano seja algo doloroso, não é, é delicioso, acredito que a felicidade plena seria tão perturbante quanto a liberdade plena que o homem provavelmente teve somente em seu estado natural, como diria Rousseau, e após tanto tempo de "evolução" (?) seria perturbante retornar ao estado natural, ou até sentir a felicidade plena, acredito que meu corpo não aguentaria tamanha felicidade, desintegraria, como uma bomba atômica, como o nada, que existe e ao mesmo tempo não existe.

Ser feliz é encontrar-se dentro de si mesmo, árdua tarefa!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Nothing on but the radio

Às vezes me pego pensando no "nada", sim, no "nada". Nos dias de hoje a polarização da sociedade parece quase que um efeito instantâneo, se você não é uma coisa, é outra e vice versa, são raras as pessoas que conheço que são capazes de pensar no que eu posso chamar de "nada", "in the middle", sinto-me às vezes esquizofrênico em pensar que em tudo eu consiga achar pró e contras, acho que esse é um processo comum e que faz bem a todas as pessoas, afinal, refutar a própria ideia, torná-la o mais possível próxima do tipo ideal weberiano, não do modo ideal como pensamos de apropriado, belo, perfeito, ideal no sentido próprio mesmo, puro, ouro sem zinco, sabe?

Não sei, muitas vezes é essa a resposta que eu dou a muitas das situações, não por que de fato não saiba, mas por que é tão difícil tomar partido e ser a favor ou contra quando a discussão cabe a um campo muito maior do que uma pilha polarizada em positivo ou negativo, tento no máximo do meu ser pensar, pensar, discutir com quem sabe, por que tem gente que não consegue partir para a discussão sadia e solta os cavalos, por favor, desses eu quero distância. Estou em uma universidade, quero aproveitá-la ao máximo, não quero estar lá para ser a favor ou contra, somente, quero fazer ciência, quero pensar, quero fazer após muita discussão, muitas visões diferentes, não estou a fim de fechar os olhos e enxergar somente o meu lado, o seu lado me interessa, e muito, vamos ver onde chegamos, não há motivos para polarização instantânea quando o mundo precisa de discussão, precisa de conversa, precisa de pensamento, plano, ciência.

Por isso que ultimamente tenho me desligado de discussões polêmicas e ligado o rádio, pelo menos com ele eu consigo pensar, refletir, antes de tomar qualquer decisão, ou escrever qualquer texto, não que eu sozinho seja autossuficiente, não sou, mas prefiro tentar ser, o máximo possível, pensador sem a necessidade de me armar para a guerra, que é o que anda parecendo estar em uma sala de aula onde muitos parecem colocar a capa de gestor de políticas públicas e ainda estão em faze de aprendizado, eu estou aprendendo, e você?

Segure seus cavalos, ligue o rádio, pense, ouça, reflita, refute, o país tem muito a ganhar, não acha?


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Profissional x Pessoal.

Difícil aquele que consegue separar trabalho e vida pessoal, acredito que a maioria das pessoas faça uma escolha, pois, neste exato momento, creio ser humanamente impossível manter uma boa vida profissional e uma boa vida pessoal, ao mesmo tempo.

Entrei para a Universidade de São Paulo, no ano passado, e desde então minha vida pessoal tem ficado em segundo plano à vida profissional, é claro que há suas exceções, meu namoro, por exemplo, tem ido de "vento em popa" e sido cada vez uma experiência melhor, a cada dia se renovando e transformando esses dias nas 24h cada vez mais felizes, sendo portanto, um alívio em meio a tanta turbulência que tem tornado esses dias mais difíceis, e não somente um alívio, como você (amor), sabe.
Detalhes à parte, escrevo este texto como um modo de desabafar tudo o que tem ocorrido comigo nesses últimos meses.

Como destaquei, logo no início do texto, acredito ser humanamente impossível criar uma sólida carreira profissional e ainda ter uma boa vida pessoal, rica de amigos, festas e coisas que tais. Principalmente quando você vive o exercício da sua "profissão", tá, eu ainda não exerço profissão nenhuma, estou me graduando, digo  vida profissional no sentido de construção da mesma, estou construindo a minha, eu vivo a minha vida acadêmica, posso ser criticado, após a publicação desse texto, por inúmeros amigos dizendo que é sim possível a separação entre as duas coisas e a plena harmonia, preconceitos a parte - posso estar sendo preconceituoso comigo mesmo neste texto, mas, whatever - digo referente a mim, que isso não está sendo possível. Uma coisa é você estudar algo dentro da sala de uma universidade, sair dela e deixar tudo lá e outra é você estudar, sair da sala e trazer aquilo aqui para fora e simplesmente não suportar discursos patéticos de pessoas que só conseguem enxergar o seu próprio umbigo, não que eu seja o dono da verdade, estou longe de sê-lo, mas muitas das coisas que eu tenho tentado fazer é lutar pela minha causa - que é a causa de muitos - e tentar fazer as pessoas enxergarem o macro, não o micro que as circunda, porém, sou tratado muitas vezes como esquizofrênico, autoritário... Não sou nada disso, posso ser considerado esquizofrênico no sentido de que difiro da sociedade que me circunda, difiro de pensamentos, ideias, assim como todos diferem uns dos outros e que meu discurso possa incomodar, ao invés de trazer algum insight sobre determinado assunto, e é essa a minha intenção, despertar o pensamento crítico naquele que não é capaz de enxergar o que está além das suas fronteiras de conforto, o grande problema é que nós vivemos em uma sociedade que tem preguiça de pensar e que entrega esse exercício de crítica a outras pessoas, as quais transmitem-nas informações que elas julgam ser importantes, dificultando assim, a interpretação de alguém que se cuida para que não tenha informações jogadas dentro da cabeça, sem qualquer filtro, e reproduzidas no cotidiano repletas de preconceito sobre coisas que elas nem sabem do que se tratam. Não que eu conheça tudo, saiba tudo, não. Ninguém sabe, ninguém conhece, mas, o exercício da crítica e da auto-lapidação, processo que eu chamo de eterno aprendizado, o "fazer ciência", no sentido de confrontar suas próprias ideias e tê-las cada vez mais lapidadas, ou seja, aprimoradas, torna-se essencial para que você consiga VIVER a cidadania.

Como viram, eu vivo aquilo que faço e não somente reproduzo, como a grande maioria das pessoas fazem, eu gosto de fazer o que faço e acho que isso irrita muito as pessoas de modo que eu sempre que posso, discordo das pessoas para fazê-las refletir mais sobre aquilo, não gosto quando as pessoas dizem que se calam quando não conhecem determinado assunto, eu não me calo, eu pergunto, aprendo, julgo, e ensino, pois, se não há ninguém para dizer que algo está errado, aquilo consolidar-se-á daquela maneira e acabará nos "achismos", o bombardeio de discordância, crítica e afins servem para o exercício da crítica, para a lapidação do conhecimento, caso contrário, tudo tenderá ao achismo e às certezas - ou incertezas - pré-conceituosas que esses achismos produzem - ou reproduzem. O que mais me irrita nas pessoas é o tamanho julgamento que elas fazem encima de mim por eu tomar essa atitude crítica e de desconstrução, julgando-me negativamente, ou de modo a me diminuir por eu tentar fazê-las refletir sobre algo que, sim, elas podem estar corretas, mas que há a necessidade da busca de uma sustentação maior daquilo que é pressuposto. 

Eu sou extremamente chato com aqueles que interferem na minha vida acadêmica, acredito que trabalhos em grupo sejam um dos fatores que me façam perder mais amigos, uma vez que eu odeio pessoas que me julgam sabendo que o que eu estou fazendo é para que elas reflitam sobre determinadas atitudes, sei lá, acho que eu acabei nascendo na sociedade errada, ou estou fazendo tudo errado, sabe-se lá o que é considerado certo ou errado nesse mundo onde vivemos, em um país onde Veja e Globo tem voz, alguém que luta pela eterna crítica está fadado a entrar realmente para a esquizofrenia, e lá vou eu para a exclusão social que essa minha postura traz, mas, nada disso significa que eu esteja fazendo a coisa errada, ou não.

Como disse, o aprendizado é eterno...

Helton Hissao Noguti.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

O preconceito está na cabeça de quem vê?

Acredito que uma das piores experiências acadêmicas que tive até hoje foi ouvir que o preconceito está na cabeça de quem vê, quer dizer, racismo é crime, a Declaração Universal dos Direitos Humanos garante igual dignidade a todos, a Constituição reitera, movimentos sociais são calados por pré-conceitos e sua inserção no meio social se torna um tormento por essas pessoas que dizem que "preconceito está na cabeça de quem vê".
É muito mais fácil você se prender às suas convicções sem saber o que um gay, um negro, um índio ou sei lá o que passam diariamente. Uma visão preconceituosa de tamanha grosseria que torna esse país menos inclusivo. O preconceito não está esboçado somente em palavras ou em violência física, o preconceito está em olhares, risos, em uma sociedade que não inclui, em alguém que não quer enxergá-lo por que é mais fácil dizer que preconceito é questão de opinião. Ora essa, opinião? Digo que não é questão de opinião. 
É claro, sua carga valorativa influencia e MUITO nas suas ações, mas dizer que o preconceito é questão de opinião e que quanto mais se conhece do assunto mais "banalizada" a coisa fica chega a ser patético. 
Seria mais fácil então tratar tudo com achismos e deixar a norma, o conhecimento, de lado, afinal, a intenção de se conhecer sobre determinado assunto é tocar na ferida, coisa que muitos têm preguiça de fazer, o que de fato, não é meu caso.
Tratar dos assuntos partindo do seu conforto quando eles vão além dele é fácil, difícil é se inserir entre eles e sentir o que eles sentem.
Fico abismado com tamanha ignorância intelectual de algumas pessoas que tratam as coisas apenas com seu ponto de vista, sem buscarem na norma, sem partirem da ciência de desvinculação de padrões pré-estabelecidos e enxergar o que de fato ocorre e não o que é mascarado midiáticamente, quando não se conhece sobre o assunto, o legal é se calar, melhor o silêncio do que palavras que soam como tiros, literalmente tiros.
Consciência não se come, não se bebe, cria-se, aprende-se, VIVE-SE.

That's the way it is! :)

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Direitos iguais, com os mesmos nomes - Helton Hissao Noguti.


Direitos iguais, com os mesmos nomes.
Helton Hissao Noguti.
Gestão de Políticas Públicas.
Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo.

As políticas de reconhecimento brasileiras estão longe do ideal, afinal, o reconhecimento dos grupos sociais como portadores de direitos específicos não é um exercício praticado diariamente, um exemplo de que essa disparidade ocorre mesmo sem que percebamos é simplificado no conceito apresentado por Arivaldo Santos de Souza, o racismo institucional.
O racismo institucional refere-se às políticas institucionais que, mesmo sem o suporte da teoria racista de intenção, produzem consequências desiguais para os membros das diferentes categorias raciais (Rex, 1987, p. 185). Para isso, há um sistema o qual é abastecido de certa forma por uma dada estrutura[1], sendo esse sistema e essa estrutura compostas por pessoas, indivíduos com cargas valorativas diferentes, tem-se a macro-noção de que as teias e cadeias de interdependência são compostas por grupos de interesses que dependem um dos outros, um partido social, uma ONG, um grupo social.

            A Constituição garante, logo em seu artigo 5º a igualdade entre todas as pessoas, mas a questão a ser resolvida é se o estabelecimento da igualdade como um direito garantido permite que as noções pré-adquiridas para a manutenção do status quo modifiquem-se no seu embrião para enfim garantir a igualdade descrita na Constituição Brasileira, uma vez que a carga valorativa muitas vezes entrega nas mãos de alguns cidadãos a decisão de grandes feitos, como o caso descrito no artigo de Santos de Souza:

“Imaginemos que a expulsão de uma comunidade quilombola de terras ocupadas, por hipótese, há mais de cem anos possa ser empreendida, conforme o ordenamento jurídico (sistema), por uma organização policial (estrutura). A polícia, que é composta por pessoas de várias origens étnico-raciais (a prática de racismo institucional independe de quem opera a estrutura), estaria restaurando a integridade do sistema. Embora a decisão judicial que nesse caso hipotético autorizou a retomada da propriedade por terceiros esteja em conformidade com os ditames do veículo do sistema (a estrutura legal), o resultado será racista, um caso de racismo institucional.”

            O juiz, tomador da decisão, cuja carga valorativa entra com máxima na mesma estabelece a expulsão da comunidade quilombola, e mesmo sem que haja intenção racial, acaba por ser uma decisão de cunho racista, levantando por fim a negação de igualdade entre os cidadãos. Isso tudo é legitimado dentro da própria estrutura que alimenta o sistema que por fim faz a manutenção do status quo excluindo os grupos minoritários – de direitos – da paridade participativa, para fins de não por em risco o mesmo.

            Tem-se a necessidade de pensar políticas públicas de paridade participativa com mais frequência, uma vez que as pessoas são diferentes e também diferem de cargas valorativas e se organizam em grupos os quais reivindicam muito e muito pouco lhes é garantido, há a necessidade da formação do gestor de políticas públicas engajado nas políticas culturais, grupos sociais, os quais são marginalizados e excluídos de uma sociedade de direitos que não lhes garantem viver a democracia como de fato ela é, sendo afastados por uma maioria que não quer garantia de direitos específicos pois de fato não é interesse do sistema mudar seu modo de agir, há a necessidade de modificar a estrutura, no seu âmago, para que então o sistema finalmente comece a reconhecer esses grupos como portadores de direitos iguais e com os mesmos nomes, como por exemplo, casamento civil entre homossexuais e não união homoafetiva, afinal, constitucionalmente somos todos iguais.

Bibliografia:

FRASER, N. Reconhecimento sem ética. Lua Nova, São Paulo, 70, p. 101-138.

SOUZA, A. Racismo Institucional: Para compreender o conceito. Revista da ABPN, v. 1, n. 3 – nov. 2010 – fev. 2011, p. 77-87.

ELIAS, N. Introdução à sociologia. Editora 70, 1999.


[1] Quando falamos em sistema, temos em mente todo o complexo americano de instituições básicas, valores, crenças etc. Já quando falamos em estruturas, queremos dizer instituições específicas (partidos políticos, grupos de interesse, burocracias) que existem para fazer que o sistema funcione. Obviamente, o primeiro é mais amplo do que o segundo. Nessa perspectiva, o segundo supõe a legitimidade do primeiro. Nossa visão é que, dada a ilegitimidade do sistema, nós não podemos conduzir transformações
no sistema sem alterar as estruturas existentes (Idem, ibidem, p. 41-42).

sábado, 21 de abril de 2012

A burocracia e os grupos sociais - Helton Hissao Noguti.


A burocracia e os grupos sociais.
Helton Hissao Noguti.
Gestão de Políticas Públicas
Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo.

   Max Weber e sua teoria da administração clássica baseavam-se na premissa de que toda organização que se pautava em regulamentos eram organizações formais. Portanto, burocráticas, estas, compostas por regras, as quais prezavam por formalidade[1], impessoalidade[2] e profissionalismo, todas buscando pelo equilíbrio de uma organização e a priori, manifestam-se mecanicistas, ao passo que o lado subjetivo ficava aquém do burocrático.
Tratando-se de grupos sociais, Weber não os considerava uma organização, separando-os em dois grandes grupos: os grupos sociais primários, que se diziam grupos informais (família, vizinhos e amigos), nos quais predominavam relações pessoais; e os secundários, que eram grupos formais, onde as relações eram regidas por regulamentos explícitos, como, por exemplo, o Estado. 
   Nos últimos anos, tem-se visto, com certa frequência, grupos sociais secundários lutarem por direitos, que lhes são negados pelo Estado, já que, este, simplesmente não reconhece esses grupos como uma organização de pessoas que buscam ter direitos de reconhecimento, com a finalidade de viver plena cidadania.
Posto que, a sociedade cresce com padrões pré-estabelecidos, os quais são impostos desde o momento da gestação, logo quando se descobre o sexo da criança, e sendo menino, já é imposto que vestirá azul, terá um carro com 18 anos e irá gostar de futebol. Por outro lado, quando é menina, vestirá rosa, dançará ballet e terá festa de debutante aos 15 anos.
Deve-se destacar que, o que esses pais, naquele momento de euforia, não compreendem é que esse menino, por vários fatores, pode decidir não gostar de futebol, querer dançar ballet, gostar de rosa, que essa menina, possa vir a ser uma jogadora de futebol, goste de azul e de se vestir, como os padrões classificam, “como um menino”. Diante disso, pergunta-se: Quais são as garantias de que essas crianças têm de que serão aceitos por quebrarem padrões sociais pré-estabelecidos pura e simplesmente por não serem assim?
   A Constituição Cidadã diz claramente em seu art 5º:

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade(...)”
Porém, para que se atinja essa igualdade, é necessário partir do pressuposto de que as pessoas são diferentes, e a burocracia se encaixa perfeitamente em reconhecer as desigualdades para que um dia se possa atingir a igualdade. Para explicar de que forma tal fenômeno ocorre, recorro à teoria de Nancy Fraser, baseada no Reconhecimento.
   A Teoria do Reconhecimento surgiu nos EUA no final da década de 1980, quando Marx estava em alta na Europa e Rawls na América do Norte. Sendo que, ambos convergiam na ideia de que igual redistribuição de bens poderia acabar com qualquer desigualdade social, visto que era considerado fator da desigualdade econômica. Enquanto que, outros teóricos encontravam a resposta no reconhecimento da dignidade humana, pois, não era possível atingir a igualdade caso as diferenças (em particular) fossem reconhecidas. Tal teoria ganhou notoriedade, o que ocasionou uma transição de redistribuição para reconhecimento.
Quando há a consciência de que a distribuição igualitária de bens materiais não será suficiente para acabar com as desigualdades sociais, sendo, portanto, necessário, aliá-lo ao reconhecimento da dignidade humana, a seguinte pergunta surge: Como atingir esse reconhecimento?
Nancy Fraser propõe a paridade participativa, que nada mais é do que igualdade de condições para que as pessoas possam, um dia, alcançar o mesmo patamar. Veja-se, por exemplo, as políticas afirmativas presentes na Constituição, considerada como a carta maior de um Estado. Ora, como já exposto, há a expressa disposição do artigo referente ao direito à igualdade. Logo, a paridade participativa é ferramenta que deve ser usada, inclusive pelos grupos sociais, para que eles tenham possibilidade de exercer direitos que lhes são negados.
E isso, pode ser feito com uma pergunta cuja resposta todos sabem, mas, a burocracia, que não reconhece os grupos sociais como organizações e preza pela impessoalidade, não consegue enxergar as necessidades que esses grupos sociais tem a fim de que possam ter voz e viver a plena cidadania, direito inerente à essas categorias.
Hoje, no Brasil, burocracia é sinônimo de dificuldade, de afirmação e constante mantenedora do status quo, fazendo com que as pessoas obedeçam o que está disposto, caso contrário não conseguirão objetivar seu direito. Como diz o próprio Max Weber:

“A dominação não está em quem manda, mas sim em quem obedece.”

Sendo os grupos sociais aqueles que se desvincularam daqueles padrões pré-estabelecidos e ergueram-se contra o status quo, para que lhes fosse garantida a paridade participativa, deve-se considerar que não são os culpados pela sua manutenção, e sim, vítimas, de uma “antipolítica” do reconhecimento, baseada no simples preconceito. Esta, quando manifestada chega a ser anticonstitucional, uma vez que liberdade de expressão não diz respeito à livre expressão do discurso do ódio.
À guisa de conclusão, tais grupos sociais devem ter seus direitos garantidos e devem ter paridade participativa, considerando que as teorias da administração evoluíram e passaram a enxergar as relações sociais como algo importante, tanto para o crescimento do sistema, como a fim de torna-las a favor de seu próprio status.



Referências Bibliográficas:

WEBER, Max. Teoria da Burocracia (1864-1920)
LOURO, Guacira Lopes.  Um corpo estranho:ensaios sobre sexualidade e a teoria Queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
FRASER, Nancy. Reconhecimento sem Ética. Theory, Culture & Society, v. 18, p. 21-42, 2001. Tradução de Ana Carolina Freitas Lima Ogando e Mariana Prandini Fraga
Assis.



[1] As burocracias são essencialmente sistemas de normas, a figura da autoridade é definida por lei, que tem por objetivo a racionalidade da decisão baseada em critérios impessoais.
[2] As relações entre as pessoas são governadas pelos cargos que elas ocupam

sábado, 3 de março de 2012

Cura gay.

Eu não falei nada até hoje sobre a “Cura Gay”, obra da bancada evangélica que intervém diretamente no Conselho Nacional de Psicologia, pois bem, converso com vários estrangeiros e todos eles exalam aquele edenismo todo sobre o Brasil, de que ele é um país lindo onde muitas culturas vivem em plena harmonia, frustro-me ao dizê-los que não é assim que funciona, que nós, sim, sentimos muito orgulho da nossa natureza, da nossa grandiosidade, mas nos envergonhamos dos políticos e do Estado que ajudamos a construir, políticos esses, que nós elegemos e que fazem isso, exercem o preconceito e governam, num Estado Laico, com a bíblia e não com a Constituição,  justificando nela esse ódio que mata muitos de nós Brasil afora.  Ou seja, sentimos vergonha do país que nós ajudamos a construir, mas, sentimos orgulho daquilo que, supostamente, Deus nos deu.
Lembro-me nesse momento da premissa usada pela Igreja Católica pra justificar a escravidão do negro, de que ele é um ser sem alma, um bicho, nós, gays, queremos apenas sermos tratados como seres humanos, nada mais, e, novamente vem a Igreja e impõe seu preconceito, seu ódio sobre aquilo que ela não conhece e que portanto, não deveria julgar. Até quando nós iremos aceitar essa vergonha internacional de sermos conhecidos apenas pela grandiosidade, pelas festas, pelo futebol e vamos aprender que Deus não vai nos dar uma boa estrutura estatal –que funcione- e políticos de boa índole de mãos dadas? Até quando vamos aceitar o “Deus seja louvado” das notas de real, os crucifixos pregados acima de um juiz em um tribunal e políticos que insistem em impor a palavra bíblica sobre a Constituição?
A “Cura Gay” é de tamanho preconceito, ódio, fere tanto com a dignidade humana, com os Direitos Humanos que quem a propôs deveria ser preso por crime de ódio, calúnia, homofobia. É lamentável olhar para esses políticos que representam uma massa totalmente alienada governarem com postura de sábios imortais e o pior disso é saber que a culpa disso tudo é nossa, nós permitimos isso acontecer, mas não é por que permitimos que devemos deixar que continue, aprendemos a lição, então , por favor, vamos aplicar esse conhecimento obtido, a sociedade não pode mais ser representada por gente que governa com preconceito, com ódio! Quantos mais precisarão morrer para que nós, finalmente, conquistemos os nossos direitos? Não existe um país de igualdades quando não se reconhecem as desigualdades, portanto, não existindo a equidade. O Brasil é um dos países mais lindos do mundo sim, mas, onde vive também o povo mais frustrado do mesmo, pois, um povo que prefere se distrair em “Pão e Circo” não merece bons elogios de alguém com a mínima capacidade de análise crítica.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Maconha, Casamento Gay e Fetichismo Econômico.

Eu, como estudante de Gestão de Políticas Públicas da melhor universidade da América Latina-A GLORIOSA USP-venho por meio deste lhes dizer que, é estranho em um país que se diz um dos mais democráticos do mundo, a maconha, o casamento gay-e não união homoafetiva-ainda sejam de certo modo proibidos, onde estão os jovens das diretas já? Tantos anos de repressão e os jovens têm formada uma opinião "bestializada" pela mídia? Parem de assistir "BBB" e comecem a lutar pelos NOSSOS direitos. PENSAR construiu o mundo em que vivemos.

Copa, Olimpíadas... Vocês realmente acham que melhorar a economia desse país irá melhorar os problemas sociais que temos? Conhecem o termo "fetichismo econômico", não o de Marx, mas aquele que diz que crescimento econômico não é sinônimo de resolução de problemas sociais , pois bem, nesse país os grandes empresários estão pouco se fodendo com educação, com cultura, eles estão mais interessados em enfiar dinheiro em paraísos fiscais!

Parem de lamber as botas da mídia e comecem a lutar pelos seus direitos, quando é que teremos um Brasil REALMENTE democrático e TRANSPARENTE?A "accountability" aqui não funciona, e vocês sabem muito bem disso.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Centro de São Paulo.

A foto não diz tudo, não é mesmo? Esses são os prédios vistos por trás das avenidas movimentadas do centro da cidade de São Paulo. A fachada da frente, devidamente pintada, com cara de prédio novo, por trás, a sujeita, a verdadeira cara tapada por uma maquiagem que disfarça a verdadeira intenção dos políticos paulistanos com o centro velho.
Você acha que a ação na cracolândia tem realmente intenção de prender traficante? É claro que não! Não há sequer atendimento de assistentes sociais, não há encaminhamento de dependentes químicos para tratamento, São Paulo não tem essa estrutura!
Aí chega a polícia, bate, espanca, por que? Por conta de interesses muito maiores - financeiros - com o centro velho. Tudo é rebocado, tudo é pintado, aumenta IPTU, mas, por trás, é isso. Musgo, cimento, abandono.
Vamos acordar?

Já fiz um post sobre a cracolândia (http://tihnoguti.blogspot.com/2012/01/cracolandia.html), este foi apenas para mostrar a indignação sobre um fato que ocorre sob os olhos de quase 20 milhões de pessoas e muito pouco é falado, muito pouco é comentado.. Isso me irrita, demais!
Se fazer de cego e fechar seus olhos e acreditar que vivemos uma utopia européia é fácil mesmo, né?

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Cracolândia.


Meu primeiro post de 2012 é uma indignação perante algo que vem me incomodando com certa frequência e que, hoje, atingiu seu ápice. 
Não tenho know-how para tratar do assunto como um futuro gestor de políticas públicas, mas, venho dar a minha singela opinião, um pouco leiga, sobre o assunto, já que namoro alguém que conhece muito mais que eu que fala disso com certa facilidade e já me ensinou muito sobre, inclusive.
Tomada da cracolândia por PMs está sendo um tanto quanto exagerada, tá ok, há mesmo a necessidade de se fazer algo, há mesmo a necessidade de retirar aquelas pessoas de lá e de trazer segurança para a pop que vive naquela região. Mas não há necessidade de tamanha violência, as pessoas que estão lá, a maioria delas, são drogados que mais precisam de ajuda do que tapas, são marginalizados que "sujam" as ruas "kassabianas" devido às imposições feitas pela sociedade que elas simplesmente não dão conta de aceitar, inúmeros são os motivos pelos quais aqueles entraram nesse caminho, que tem volta. O que não dá é policial achar que só porque está drogado o cara merece violência, repressão. Eles são seres humanos, como qualquer outro, e precisam de mais ajuda que muitos bandidos de terno que enfestam a capital deste país, que são tratados à pão-de-ló (se pegos).
Eles merecem respeito! Por mais que não respeitem a sociedade em que vivem (mais por motivos químicos que violentos), não é batendo, prendendo e expulsando-os dessa forma que essa sociedade do crack, que toma as ruas paulistanas durante as noites vai acabar. 
Ressalvo, eles precisam de ajuda, não de violência, não de internação feita à força, não de ser vítima da higienização urbana, são seres humanos, e mesmo que fossem cachorros, não merecem ser tratados com tamanha violência!
A mídia mostra hoje, 04/01/2012 a tomada da cracolândia, mas, quantos desses marginalizados já não foram mortos nas noites paulistanas durante as rondas da polícia? Quantos não foram parar em locais que podem ser comparados à Perus? Quantos parentes não esperam por notícias de seus pais, filhos, netos que se perderam nesse mundo?
Será que o Estado não percebe a quebra dos Direitos Humanos nessas ações punitivas contra seres que estão lá devido ao próprio Estado ter, alguma vez, falhado com eles?
Tantas são as perguntas, e quanto mais perguntas, mais indignado fico, afinal, é mais fácil o Estado calar a boca e jogá-los em "Perús" que simplesmente ajudá-los a sair e a encontrar o caminho de volta para casa.