segunda-feira, 4 de junho de 2012

Profissional x Pessoal.

Difícil aquele que consegue separar trabalho e vida pessoal, acredito que a maioria das pessoas faça uma escolha, pois, neste exato momento, creio ser humanamente impossível manter uma boa vida profissional e uma boa vida pessoal, ao mesmo tempo.

Entrei para a Universidade de São Paulo, no ano passado, e desde então minha vida pessoal tem ficado em segundo plano à vida profissional, é claro que há suas exceções, meu namoro, por exemplo, tem ido de "vento em popa" e sido cada vez uma experiência melhor, a cada dia se renovando e transformando esses dias nas 24h cada vez mais felizes, sendo portanto, um alívio em meio a tanta turbulência que tem tornado esses dias mais difíceis, e não somente um alívio, como você (amor), sabe.
Detalhes à parte, escrevo este texto como um modo de desabafar tudo o que tem ocorrido comigo nesses últimos meses.

Como destaquei, logo no início do texto, acredito ser humanamente impossível criar uma sólida carreira profissional e ainda ter uma boa vida pessoal, rica de amigos, festas e coisas que tais. Principalmente quando você vive o exercício da sua "profissão", tá, eu ainda não exerço profissão nenhuma, estou me graduando, digo  vida profissional no sentido de construção da mesma, estou construindo a minha, eu vivo a minha vida acadêmica, posso ser criticado, após a publicação desse texto, por inúmeros amigos dizendo que é sim possível a separação entre as duas coisas e a plena harmonia, preconceitos a parte - posso estar sendo preconceituoso comigo mesmo neste texto, mas, whatever - digo referente a mim, que isso não está sendo possível. Uma coisa é você estudar algo dentro da sala de uma universidade, sair dela e deixar tudo lá e outra é você estudar, sair da sala e trazer aquilo aqui para fora e simplesmente não suportar discursos patéticos de pessoas que só conseguem enxergar o seu próprio umbigo, não que eu seja o dono da verdade, estou longe de sê-lo, mas muitas das coisas que eu tenho tentado fazer é lutar pela minha causa - que é a causa de muitos - e tentar fazer as pessoas enxergarem o macro, não o micro que as circunda, porém, sou tratado muitas vezes como esquizofrênico, autoritário... Não sou nada disso, posso ser considerado esquizofrênico no sentido de que difiro da sociedade que me circunda, difiro de pensamentos, ideias, assim como todos diferem uns dos outros e que meu discurso possa incomodar, ao invés de trazer algum insight sobre determinado assunto, e é essa a minha intenção, despertar o pensamento crítico naquele que não é capaz de enxergar o que está além das suas fronteiras de conforto, o grande problema é que nós vivemos em uma sociedade que tem preguiça de pensar e que entrega esse exercício de crítica a outras pessoas, as quais transmitem-nas informações que elas julgam ser importantes, dificultando assim, a interpretação de alguém que se cuida para que não tenha informações jogadas dentro da cabeça, sem qualquer filtro, e reproduzidas no cotidiano repletas de preconceito sobre coisas que elas nem sabem do que se tratam. Não que eu conheça tudo, saiba tudo, não. Ninguém sabe, ninguém conhece, mas, o exercício da crítica e da auto-lapidação, processo que eu chamo de eterno aprendizado, o "fazer ciência", no sentido de confrontar suas próprias ideias e tê-las cada vez mais lapidadas, ou seja, aprimoradas, torna-se essencial para que você consiga VIVER a cidadania.

Como viram, eu vivo aquilo que faço e não somente reproduzo, como a grande maioria das pessoas fazem, eu gosto de fazer o que faço e acho que isso irrita muito as pessoas de modo que eu sempre que posso, discordo das pessoas para fazê-las refletir mais sobre aquilo, não gosto quando as pessoas dizem que se calam quando não conhecem determinado assunto, eu não me calo, eu pergunto, aprendo, julgo, e ensino, pois, se não há ninguém para dizer que algo está errado, aquilo consolidar-se-á daquela maneira e acabará nos "achismos", o bombardeio de discordância, crítica e afins servem para o exercício da crítica, para a lapidação do conhecimento, caso contrário, tudo tenderá ao achismo e às certezas - ou incertezas - pré-conceituosas que esses achismos produzem - ou reproduzem. O que mais me irrita nas pessoas é o tamanho julgamento que elas fazem encima de mim por eu tomar essa atitude crítica e de desconstrução, julgando-me negativamente, ou de modo a me diminuir por eu tentar fazê-las refletir sobre algo que, sim, elas podem estar corretas, mas que há a necessidade da busca de uma sustentação maior daquilo que é pressuposto. 

Eu sou extremamente chato com aqueles que interferem na minha vida acadêmica, acredito que trabalhos em grupo sejam um dos fatores que me façam perder mais amigos, uma vez que eu odeio pessoas que me julgam sabendo que o que eu estou fazendo é para que elas reflitam sobre determinadas atitudes, sei lá, acho que eu acabei nascendo na sociedade errada, ou estou fazendo tudo errado, sabe-se lá o que é considerado certo ou errado nesse mundo onde vivemos, em um país onde Veja e Globo tem voz, alguém que luta pela eterna crítica está fadado a entrar realmente para a esquizofrenia, e lá vou eu para a exclusão social que essa minha postura traz, mas, nada disso significa que eu esteja fazendo a coisa errada, ou não.

Como disse, o aprendizado é eterno...

Helton Hissao Noguti.