domingo, 27 de dezembro de 2015

Possibilidades

Há algum tempo decidi deixar esse blog inativo, não via mais motivos para continuá-lo, a correria do dia a dia me impedia de continuar a escrever, até para refletir estava um tanto difícil, até que, por esses dias (deve ser culpa do tempo morno e do canto das cigarras), pensei: Poxa, quanta "página" em branco eu deixo passar tendo tanta coisa para falar, quanta possibilidade extinta na mera falta de vontade de vir, abrir, pensar e escrever, quantas palavras perdidas que juntas poderiam tocar outra pessoa ou mesmo me fazer refletir. Talvez ao ver o Reino das Palavras queimar, junto com toda história daquele prédio que sedia a Estação da Luz, is me trouxe uma reflexão que eu não tinha há algum tempo...Pensei nas possibilidades que eu estava perdendo ao deixar esse blog assim, sem nada..E aí..Bom! E aí que eu me toquei de quantas possibilidades nós perdemos ao longo da vida! Somos feitos de escolhas, as escolas geram possibilidades.. Vocês já pararam pra pensar no quanto de possibilidade incrível vocês deixaram de ter por conta de um não dado? Ou pela falta de empenho em algo que poderia resultar em algo super maneiro? Ou pelo livro que está nesse momento guardado no cantinho da sua prateleira empoeirada que está à espera de ser lido e lhe causar angústias e reflexões maneiríssimas que poderiam resultar em algo mais maneiro ainda?

Poisé! As possibilidades estão em todas as partes em todos os cantos, eu, por exemplo, poderia ter escolhido não escrever esse texto por conta de todas as dificuldades que tive até conseguir abrir essa página, o destino tava parecendo não colaborar, sério! E quando falei: Chega! O troço simplesmente funcionou, e caso não tivesse funcionado e eu tivesse desistido mesmo que o troço tivesse funcionado, vocês não estariam lendo e provavelmente pensando oportunidades perdidas advindas de possibilidades não agarradas.

Quanta coisa que a gente perde na vida por conta de uma birra, quanta oportunidade a gente perde por conta de falta de vontade, quanta experiência nós adquirimos por conta de insistir em dizer não, lembrando que, "experiência é o nome que damos aos nossos próprios erros" como já disse o excelentíssimo Oscar Wilde..Que, se eu não o tivesse encontrado nas palavras lá em O Retrato de Dorian Gray em um livrinho no fundo de uma livraria do interior, jamais teria me apaixonado tanto pelo modo como o autor transmite mensagens tão atuais mesmo tendo vivido entre o final do século XIX e início do século XX...Quanto erro cometemos pelo simples ato de dizer um "não", uma palavra solta que tem muito significado e impede que muita coisa aconteça..

Perdemos oportunidades a todo momento, oportunidade de ler um bom livro, ver um bom filme, ter um bom papo, conhecer alguém novo, dizer que se ama alguém, demonstrar carinho.. A possibilidade de fazer com que tudo isso ocorra está em você, você é dono das escolhas que você faz.

Já que estamos em clima de final de ano, o que eu quero para 2016? Bom, o que eu quero não importa muito, o que importa é que eu escolho ser feliz e disso, oportunidades surgirão por conta das possibilidades que, certamente a partir de agora eu não perderei.

Feliz 2016 à todxs e que mais SIM sejam ditos e que mais e mais possibilidades sejam agarradas!



terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Experiências de desrespeito.



Devo concordar com inúmeros colegas quando estes me dizem: poucos são aqueles que tem a sensibilidade de compreender como é vivenciar uma experiência de desrespeito por não terem vivenciado. E de fato, inúmeras vezes tive a experiência de viver um ato desrespeitoso, ter sido abraçado, ouvido: estamos com você, e na hora "H" lá estava eu sozinho enfrentando o preconceito. A pergunta que se faz é: quem realmente está conosco?!

Primeiramente vamos dar nomes aos bois, quando digo experiências de desrespeito, trato de preconceitos, sejam eles racismo, homofobia, transfobia, xenofobia, aliás, como o atual caso da Charlie Hebdo com a questão da "liberdade de expressão" usada pra difamar aspectos culturais de outros povos, claro que nada justifica a violência empregada, mas acho que o mundo hoje nos permite traçar limites da questão da liberdade de expressão, como diria o MovieBob: "Liberdade de expressão, como conceito legal, apenas garante o seu direito de falar. Não garante o direito de ser ouvido, não garante o direito de concordarem com você, e com certeza não garante que o que você diz não pode ser criticado pela fala de outra pessoa. Mais importante de tudo, não significa que você não vai sofrer as consequências caso sua liberdade de expressão seja usada para assediar ou difamar alguém. E isso é exatamente o que é dizer coisas racistas, homofóbicas e sexistas. ISSO NÃO É CENSURA. ISSO É JUSTIÇA. " - Bob Chipman "Moviebob", e milhares de outras formas de preconceito.

E agora eu faço outra pergunta: Se entre os nossos não há quem nos abrace de fato apesar do discurso progressista (lembrando que ainda no final do século XIX muitos progressistas aceitavam o racismo científico, mas aqui trato daqueles, como diria o popular, os "prafrentex"), quem garante que o Estado está ao nosso lado? O Estado não vive somente de discursos, ele vive de ação, assim como seus colegas que discursam belamente dentro da sala de aula, além do belo discurso progressista, tem-se a necessidade de agir conforme aquele discurso proferido, caso contrário, o que ele disse vira quase que uma metáfora, e assim são as políticas do Estado, se há leis que punem o racismo no Brasil, falta estrutura, não para punir, mas para de fato fazer justiça (tentei não usar esse termo mas se não usá-lo terei que expor muita coisa que ainda preciso aprofundar mais e futuramente publicar), e quando digo que falta estrutura, não digo que faltam estruturas físicas ou burocráticas, mas sim consciência, sensibilidade, visão. Afinal, o racismo não é palpável muitas das vezes, ele faz parte de uma grande estrutura social que se expande do ceio familiar ao próprio Estado, por que não? Não digo que o Estado seja racista, digo que há ainda mecanismos que impedem que o racismo seja de fato percebido dentro do Estado, fazendo com que o mesmo aja, muitas vezes sem a mínima consciência, de forma excludente, separatista...Ou de forma consciente também, sei lá. O Estado é feito por pessoas, instituições são feitas por pessoas e representadas pelas mesmas, se na estrutura do Estado ou de suas instituições há representantes racistas, suas ações serão racistas, caso haja um representante que não é sensível às experiências de desrespeito e às consequências de sua atitude - ou falta de atitude, como Bachrach & Baratz destacam a importância das "não decisões", a instituição irá cometer seus erros e irá praticar ações de desrespeito.

Por essas e outras acredito que cada vez mais gestores de políticas públicas devem estar sensíveis às consequências de suas atitudes, por que não é a assinatura de um papel somente que muda o futuro de milhares de pessoas, sem conhecer a população, sem estar sensível às suas demandas, sem ir a fundo nas questões do preconceito e nas consequências de se agir de modo preconceituoso, continuaremos a ter um Estado que só fala em Igualdade, não pratica a Liberdade e cospe Fraternidade àqueles que tem seus privilégios resguardados.

Helton.